Goiânia, 29/03/24
Tribuna Livre Goiás
LILIAN DIAS · 22/09/2019

Sustentabilidade nas estratégias de negócios agropecuários


Reprodução

Por Lilian Dias

Atualmente, é grande o reconhecimento por parte de grandes organizações do agronegócio e fazendas de que a sustentabilidade, nas dimensões ambiental e social, pode ser acolhida de uma maneira inteligente a partir de uma perspectiva de estratégia de negócio, geração de valor e, consequentemente, vantagem competitiva.

O consultor e especialista em sustentabilidade, José Carlos Pedreira, resumiu bem esse tipo de visão mercadológica, que significa retirar a sustentabilidade da coluna do passivo e transferi-la para a coluna do ativo. Neste trâmite, o principal desafio é saber como incluir os atributos ambientais e sociais para o modelo de negócios de uma empresa e tirar proveito disso.

Alguns empresários do agronegócio perceberam a mudança ocorrida na sociedade por conta do aumento de consumidores mais exigentes e compreenderam, rapidamente, que o mercado passou a demandar produtos que incorporam conceitos de sustentabilidade. Então, deixaram vagarosamente de produzir a commodity e passaram a produzir um produto diferenciado.

Um exemplo desta nova realidade de mercado é o segmento de café gourmet, feito com um café especial colhido geralmente à mão, dispensando a colheitadeira, e tratado de uma maneira diferenciada que resulta num produto com maior valor agregado e uma percepção distinta por parte do consumidor em relação ao café commodity.

Outro exemplo emblemático está no setor sucroenergético: a empresa Native Produtos Orgânicos, pertencente à Usina São Francisco, na cidade de Sertãozinho (SP), há 20 anos produz cana e açúcar orgânicos sem usar um mililitro sequer de produto sintético numa área de 20 mil hectares, configurando-se num empreendimento industrial orgânico de larga escala.

Trata-se da Agricultura Revitalizadora de Ecossistema, método criado pelo engenheiro agrônomo Leontino Balbo, que tem por objetivo trabalhar a partir de processos naturais revitalizando o potencial produtivo pelo meio representado pela fauna e flora.

Nesse caso, o produtor deixa de produzir o açúcar commodity, deixa de disputar o mercado internacional com o produtor de commodity – que, em geral, produz muito mais barato porque não leva em conta uma série de requisitos ambientais e sociais – e passa a produzir um produto singular para mercados diferenciados, fugindo da concorrência e ocupando nichos de mercado.

Outro exemplo que segue nesta direção de sustentabilidade nas estratégias de negócios de empresas agropecuárias é a carne gourmet. Você ainda não ouviu falar? Então, aguarde a próxima coluna.

Um AgroAbraço,

Lilian Dias

Lilian Dias é jornalista especializada em agronegócio, possui MBA Executivo pela ESPM, com foco em habilidades de gestão de pessoas e práticas de liderança, e é autora do e-book "Os Pilares do Agronegócio".

Workshops onlines e gratuitos pelo link: https://www.liliandias.com.br/botoes

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