“É uma estreia mundial”, diz o coordenador Artístico da OSB, Nikolay Sapoundjiev, sobre a obra do compositor brasileiro Antônio Ribeiro, escrita especialmente para este período de pandemia e de isolamento social. “A maior peculiaridade é que ela foi pensada para ser tocada nesse formato virtual, de gravação a distância. Eu acho que nunca antes os compositores pensaram que precisam escrever peças pensando nesse processo, que é bastante desafiador do ponto de vista logístico e tecnológico”.
De acordo com Sapoundjiev, a obra contempla não apenas questões técnicas, mas as angústias desse período. O nome Cantilena foi escolhido por ser este um canto um pouco nostálgico e um pouco triste em certos momentos, refletindo a situação que estamos vivendo. O autor participou de uma conversa ao vivo na última terça-feira (20), onde explica a obra.
Ocupar os palcos virtuais não é tarefa simples. A OSB tomou essa decisão devido às limitações a aglomerações impostas pela pandemia do novo coronavírus. Transferir as apresentações para as telas foi uma forma de manter o trabalho da orquestra.
Sapoundjiev explica que são 18 etapas até chegar à gravação final. “É muito diferente da dinâmica do ensaio e do concerto [presencial], sem falar que todos os músicos gravam sozinhos, dentro das próprias casas, ouvindo, no fone, um áudio guia, com metrônomo. Todo o material é, depois, juntado, analisado, editado, mixado, masterizado e enviado para o vídeo. O processo em si é muito desafiador”, diz.
O programa contará ainda com a execução de Trumpet voluntary, do inglês Jeremiah Clarke, interpretado por um quinteto de metais. A obra é tocada em grandes eventos, como casamentos da família real britânica. Além de Quarteto para cordas nº 11, de Heitor Villa-Lobos; e Atraente, de Chiquinha Gonzaga, entre outros.
A apresentação será às 19h, no horário de Brasília, com transmissão pelos canais da OSB no Facebook e no Youtube.
OSB
A OSB foi fundada em 1940 e é reconhecida como um dos conjuntos sinfônicos mais importantes do país. É responsável por revelar talentos como Nelson Freire, Arnaldo Cohen e Antônio Menezes e é pioneira na criação de projetos de democratização da música de concerto, como o Aquarius e os Concertos da Juventude. Atualmente, é composta por mais de 70 músicos brasileiros e estrangeiros e tem uma programação regular de concertos, apresentações especiais e ações educativas.