ECONOMIA · 09/12/2021
Aumento da Selic afeta poupança, financiamento imobiliário e FGTS
Alta dos juros básicos altera cálculo da TR, taxa usada como indexador
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(Foto: Reprodução)
Por Agência Brasil
Com a elevação
da taxa básica de juros, a Selic, anunciada nessa quarta-feira (8) pelo Banco
Central, de 7,75% para 9,25% ao ano, o cálculo do rendimento da poupança volta
para a regra antiga.
A nova taxa
básica também afeta financiamentos imobiliários e a correção do saldo do Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Taxa
Referencial
Isso acontece
porque a Taxa Referencial (TR), que estava zerada, vai subir com o aumento da
taxa Selic.
A TR é
calculada pelo Banco Central a partir dos juros das Letras do Tesouro Nacional
(LTN), que variam seguindo a Selic.
A Taxa
Referencial é usada como indexador para a correção das aplicações da caderneta
de poupança, das prestações dos empréstimos do Sistema Financeiro da Habitação
e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
No caso do
FGTS, a correção do saldo é a TR mais 3%. E nos empréstimos para a compra da
casa própria, a taxa corrige as prestações.
Segundo o
diretor Executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional de
Executivos (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a estimativa é que a TR
fique em torno de 0,05%. Oliveira lembrou que quando a Selic estava em 9,25% ao
ano, em julho de 2017, a TR chegou a 0,0623%. Mas só será possível conhecer a
nova taxa quando o Banco Central divulgar o cálculo mensal da TR referente a
dezembro.
“A TR não vai
subir para um patamar que inviabilize o pagamento das prestações do
financiamento imobiliário porque estará em um percentual baixo”, disse.
Poupança
De acordo com
a legislação, quanto a Selic é igual ou inferior a 8,5% ao ano, a remuneração
dos depósitos de poupança é composta pela TR mais 70% da taxa Selic
mensalizada.
Com a Selic
acima de 8,5% ao ano, a poupança volta a render TR mais 0,5% ao mês (6,17% ao
ano).
Segundo
simulação da Anefac, com uma aplicação no valor de R$ 10 mil pelo prazo de 12
meses, o investidor acumula rendimento de R$ 680, totalizando R$ 10.680 ao
final desse período.
De acordo com
a Anefac, a poupança ganha em rendimentos dos fundos de renda fixa,
principalmente nas aplicações de baixo valor, porque há cobrança de taxas de
administração mais altas. Nos investimentos em poupança, não há cobrança de
taxa de administração.
“Assim, a
caderneta de poupança vai continuar sendo uma excelente opção de investimento,
principalmente sobre os fundos cujas taxas de administração sejam superiores a
1% ao ano”, explica a Anefac.
Inflação
Apesar do
aumento do rendimento, a poupança ainda perde para a inflação. A expectativa de
analistas de mercado é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA)
fique acima 10%.
Mas não é só a
poupança que perde para a inflação. “Com inflação acima de 10% no ano, todos os
investimentos de renda fixa, variável, poupança, CDB perdem para inflação. Mas
o Banco Central sinalizou que vai continuar subindo a Selic. À medida que as
taxas vão subindo, os investimentos tendem a voltar a ganhar da inflação”,
disse Oliveira.
Copom
Em comunicado
após a reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central
informou que “o ciclo de aperto monetário [aumento da Selic]” deve avançar
“significativamente em território contracionista”, ou seja, com mais altas de
juros. “O Comitê irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não
apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em
torno de suas metas [de inflação]”.
“Para a
próxima reunião, o comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude (1,5 ponto
percentual)”, informou o comitê.
Tags: Selic Economia Poupança
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