Goiânia, 01/06/25
Tribuna Livre Goiás
POLÍTICA · 14/05/2025

Pedido de Lula à China sobre regulação das redes sociais provoca reações intensas no cenário político brasileiro

Ao pedir à China orientações sobre regulação das redes sociais, Lula reacende o debate sobre soberania digital, liberdade de expressão e os limites do Estado na era da desinformação. Oposição fala em censura e alerta: ‘O Brasil não pode importar controle autoritário disfarçado de governança digital.


Redes Sociais/Lula

Por Redação

O recente apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao governo da República Popular da China, solicitando o envio de um interlocutor de confiança para dialogar sobre questões relativas à governança digital e à plataforma TikTok, desencadeou forte repercussão no espectro político nacional. A iniciativa presidencial, interpretada como uma tentativa de angariar subsídios internacionais para a formulação de políticas públicas voltadas à regulação do ambiente digital, foi prontamente rechaçada por setores da oposição, que a classificaram como uma afronta à soberania nacional e um potencial atentado à liberdade de expressão.

O deputado Mendonça Filho (União-PE), autor de uma proposta legislativa alternativa ao Projeto de Lei 2630/2020 — popularmente denominado “PL das Fake News” —, criticou veementemente o gesto diplomático do chefe do Executivo. Em suas palavras, Lula teria “endossado uma tese flagrantemente ilegal, inconstitucional e que subverte os princípios da autodeterminação nacional”, ao solicitar a um regime de orientação autocrática orientações sobre como disciplinar as redes sociais em território brasileiro. O parlamentar alertou ainda para o risco de concessão de um “cheque em branco” ao Poder Executivo, caso o PL 2630 venha a ser aprovado pelo Congresso, permitindo ao governo exercer controle discricionário sobre o ecossistema digital.

Na mesma linha, o deputado Rodrigo Valadares (União-SE) qualificou a iniciativa como “um despropósito sem precedentes”. Ele recordou que a tramitação do referido projeto já fora temporariamente suspensa em virtude da mobilização popular e da resistência parlamentar, mas advertiu que a ameaça de restrições indevidas à livre manifestação do pensamento permanece latente, e que "os defensores da censura podem retomar a ofensiva a qualquer momento".

Outras lideranças políticas, como o senador Magno Malta e o deputado federal Nikolas Ferreira, também manifestaram severas objeções à aproximação entre o governo brasileiro e o regime chinês em matéria de regulação digital. Malta foi categórico ao denunciar o que considera ser uma escalada autoritária conduzida por Lula, alegando que os instrumentos de censura vêm sendo paulatinamente institucionalizados, afetando sobretudo vozes conservadoras no debate público. Já Nikolas Ferreira, parlamentar alinhado com a direita ideológica e já condenado por declarações consideradas transfóbicas, reforçou sua preocupação com os rumos da liberdade de expressão no país.

No epicentro dessa controvérsia está o Projeto de Lei 2630/2020, que divide o Parlamento e a sociedade civil. Seus defensores sustentam que o texto é fundamental para coibir a proliferação da desinformação e garantir a integridade do espaço digital. Já seus detratores o classificam como uma ameaça às liberdades civis, apelidando-o de “PL da Censura”.

O embate em torno da regulação das redes sociais no Brasil permanece intenso e revela a complexidade de equilibrar, no contexto contemporâneo, os imperativos da segurança informacional com a preservação das liberdades democráticas e dos direitos fundamentais em uma esfera digital que exerce crescente influência sobre a dinâmica política e social do país.

Durante conversa com jornalistas, o presidente Lula defendeu-se das críticas e revelou incômodo com o vazamento da solicitação feita durante uma reunião privada. “Fui eu quem fez a pergunta, não foi a Janja. Se algum ministro estivesse incomodado, que pedisse para sair”, afirmou o mandatário. E prosseguiu: “O que me surpreende é como essa informação chegou à imprensa, considerando que apenas meus ministros estavam presentes. Alguém teve a ousadia de comunicar uma conversa estritamente confidencial ocorrida durante o jantar — algo pessoal e reservado


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