POLÍTICA · 11/12/2025
Fazenda milionária de vice-líder do governo Lula expõe e reacende debate sobre transparência patrimonial na política”
Aquisição rural de grande porte no Maranhão, avaliada em cerca de R$ 15 milhões, contrasta com bens declarados em 2022 e reforça cobrança pública por mais transparência
Geraldo Maegela/Agência Senado
O senador Weverton, vice-líder do governo Lula no Senado
Por Miriam Barbosa.
A aquisição de uma fazenda avaliada em aproximadamente R$ 15 milhões pelo senador Weverton Rocha (PDT-MA), vice-líder do governo Lula, tornou-se mais do que um fato isolado: transformou-se em um símbolo condenatório de como a política brasileira ainda convive com padrões de transparência insuficientes e contradições patrimoniais que ferem a confiança pública. A propriedade, situada em Matões do Norte, não impressiona apenas pelo porte monumental — equivalente a cerca de 2 mil campos de futebol — mas pela mensagem que transmite ao país: o abismo entre o que se declara e o que se movimenta.
Segundo documentos citados pela imprensa, parte da área — 837 hectares — foi adquirida em setembro de 2024 por R$ 7 milhões, por meio da DJ Agropecuária, empresa do parlamentar. A escritura registra pagamento bancário e o recolhimento de R$ 140 mil de ITBI. O restante da fazenda será formalizado conforme novas parcelas forem quitadas. O que já foi adquirido inclui um casarão de dois andares, um igarapé e uma pista de pouso, construída nas proximidades — estrutura rara em propriedades rurais maranhenses e que acendeu ainda mais os holofotes sobre a operação.
A contundência da crítica pública nasce da comparação inevitável: nas eleições de 2022, Weverton declarou possuir R$ 4,2 milhões em patrimônio, incluindo R$ 500 mil em espécie. Agora, dois anos depois, a compra de um ativo cujo valor supera seu patrimônio declarado em 257% gera perplexidade e alimenta a condenação social de uma prática recorrente no ambiente político: patrimônios que se multiplicam em velocidade incompatível com a vida comum dos brasileiros.
Essa disparidade, por si só, não configura ilegalidade. No entanto, coloca o senador — e, por extensão, o sistema político — em uma posição desconfortável diante da opinião pública. Em um país onde milhares de municípios lutam para financiar políticas básicas de saúde e educação, uma única propriedade rural valendo mais do que o orçamento de áreas essenciais de Matões do Norte se torna um choque moral. Para muitos, a fazenda não representa apenas um investimento: representa o retrato de uma desigualdade que encontra, na política, terreno fértil para se aprofundar.
Outro elemento que intensifica a desconfiança social envolve o administrador da DJ Agropecuária, Rodrigo Martins Correa, profissional que já atuou para empresas ligadas a empresários citados em investigações previdenciárias, segundo reportagens. Embora não haja nenhum indício de ilegalidade envolvendo o senador, tais vínculos reforçam o que analistas chamam de “zona cinzenta” — um ambiente empresarial-comercial que, quando associado a políticos em exercício, exige transparência redobrada para evitar suspeitas desnecessárias.
Após a repercussão, o senador divulgou nota afirmando que todas as operações econômicas são regulares, declaradas ao fisco e compatíveis com a atividade de sua empresa. A versão oficial, porém, não conteve o desgaste. A compra da fazenda gerou, e continuará gerando, condenação pública, não por ilegalidade comprovada, mas por representar exatamente aquilo que parte expressiva da sociedade não tolera mais: a sensação de que a política opera em uma lógica patrimonial distante da realidade do país e sem a transparência que o cargo exige.
No fim, o caso Weverton não se limita ao Maranhão nem ao PDT: ele desnuda, mais uma vez, um modelo de poder em que prosperidade privada e vida pública seguem caminhos paralelos, muitas vezes opacos, sustentando uma cultura que enfrenta crescente rejeição. É essa condenação social — ampla, ruidosa e politicamente relevante — que emerge do episódio, trazendo à tona o debate que se buscou evitar por décadas: como exigir confiança de quem administra recursos públicos quando a transparência sobre os próprios recursos é insuficiente?
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